ADEMIR MARQUES MENEZES

Revelado pelo Sport, o filho mais ilustre de Vila do Bico do Motocolombó, no Recife, quase realizou o sonho da mãe, que acabou perdendo a disputa para o futebol. Depois do bicampeonato pernambucano juvenil em 37 e 38, Ademir foi descoberto pelo técnico uruguaio Ricardo Diez, e logo foi promovido ao time principal do Leão da Ilha do Retiro.
Em 41, foi campeão estadual e artilheiro da competição, com 11 gols.
Com o sucesso em Pernambuco, o Sport foi convidado para uma série de amistosos no Rio, vencendo Vasco e Flamengo. Se o futebol do menino de queixo protuberante ainda não era conhecido na capital federal da época, passou a ser com os três gols marcados na vitória sobre o time da Gávea. Sem pensar duas vezes, o Vasco contrata Ademir, que deixa o quarto ano da faculdade de Medicina e o Sport no começo de 42.
Sábia decisão. Ademir viria para fazer parte do Expresso da Vitória do clube, que conquistaria quase tudo na segunda metade da década de 40. Com um futebol envolvente, jogadas rápidas e habilidosas e muita eficiência nas conclusões, ele se tornou o primeiro centroavante do futebol brasileiro, que demorou para encontrar a definição para seu estilo avançado de jogar. Só em 45, porém, viria aquela que considerava sua maior alegria: o título do Campeonato Carioca. Ademir foi vice-artilheiro daquele ano, com 13 gols.
Em 46, o craque teve uma passagem rápida pelo Fluminense, depois que o técnico Gentil Cardoso exigiu sua contratação, que ficou conhecida na época como 'a tranferência da década'. “Dêem-me o Ademir que lhes darei o campeonato”, exigiu Gentil, segundo reza a lenda. Verdade ou não, Ademir chegou, marcou o gol solitário da vitória na final contra o Botafogo e o treinador tricolor cumpriu sua promessa. Porém, Gentil não conseguiu segurar o Queixada nas Laranjeiras por muito tempo, e ele deixa o Flu no final do mesmo ano.
No ano seguinte, ele volta ao clube cruzmaltino em grande estilo, conquistando mais um Campeonato Carioca. Convocado constantemente pelo técnico Flávio Costa para a seleção brasileira, Ademir ainda conseguiu dar ao Vasco o título de Campeão dos Campeões Sul-americanos de 48, além dos estaduais de 49, 50 e 52, sendo artilheiro nos dois primeiros.
A carreira sobreviveu à final da Copa de 50 e continuou até 56, quando pendurou as chuteiras. Em seu último jogo oficial, o Vasco perdia por 3 a 1 para o Corinthians, quando ele entrou. Mesmo com o menisco recém-operado, Ademir marcou o terceiro gol carioca e empatou o duelo. No mesmo ano, ainda desfilou seu futebol elegante em uma série de amistosos do Vasco pela Europa antes de abandonar definitivamente os gramados. Era o fim de uma trajetória de 429 jogos e 301 gols pela equipe de São Januário.
Aposentado, o Queixada tentou a sorte em outros campos, mas sem o mesmo sucesso.
Abriu uma indústria cerâmica, mas acabou perdendo tudo em um incêndio. Ainda conseguiu um emprego no extinto Instituto Brasileiro do Café, onde ficou até 70. Já no final da vida, tornou-se cronista esportivo, trabalhando em rádios e jornais do Rio de Janeiro.
Ademir faleceu no Rio de Janeiro em 11 de maio de 96, aos 73 anos, após perder uma desgastante batalha contra o câncer na medula. Enterrado no cemitério São João Batista, o primeiro grande ídolo do Vasco não contou a presença de nenhum dirigente do clube da Colina em sua despedida. Bastante chateada, sua viúva impediu que a bandeira cruzmaltina cobrisse o caixão do craque. Dona Dilma de Menezes lamentou que o homem com quem foi casada por 33 anos não tivesse recebido qualquer ajuda do clube que defendeu até o final da carreira.
Por Emanuel Colombari - Publicação: 25/05/2007 - Gazeta Esportiva Net
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